O Tempo das Manhãs...
Acordei de um salto com uma voz desperta e fresca vinda da ombreira da porta do meu quarto. Olhei ainda meio desorientada e vislumbrei dois olhos grandes e brilhantes numa face morena de pele lisa e feições suaves pela tenra idade. - São oito e vinte mana. - Sorri e tomei coragem para me erguer do meu leito quente e fofo. Encaminhei-me até à casa de banho para o ajudar na árdua tarefa de pôr gel no cabelo desalinhado e cheio de remoinhos a fim de ficar um pouco mais composto. Terminei. Voltei para o meu quarto e comecei a preparar a minha armadura diária. Roupa interior, uma camisola azul-turquesa de Rayon, Nylon e Spandex, (não faço ideia do que é limitei-me a ler a etiqueta), umas jardineiras de ganga, um casaco de malha que me chega ao inicio das coxas, castanho escuro e riscas azuis, rosa, brancas e verdes, umas botas quentes sem saltos pretas, um casaco verde tropa com capuz e por fim um cachecol vermelho paixão com dois metros e meio de comprimento com o qual apenas dou uma volta ao pescoço deixando-o percorrer todo ou quase todo o meu corpo. Faço a minha higiene diária e visto-me. Ato o cabelo num rabo-de-cavalo, dirijo-me à cozinha e como uma torrada e bebo um copo de leite morno. Estou pronta. Saio juntamente com a minha mãe de casa, vamos até à pastelaria onde todos os dias tomamos o nosso café juntamente com as conversas sobre o dia anterior. A meio do café enfio a mão direita no interior da minha mala procurando insistentemente por o acessório que suavizará um pouco a minha saudade diária, o telemóvel, encontro-o e rapidamente ligo para a razão do meu viver o que me coloca instantaneamente um sorriso nos lábios. A minha mãe acompanha-me até ao autocarro para assim prolongarmos a nossa conversa. No autocarro entro no meu mundo, ponho os phones com a musica no volume a 3/4 e abro o meu livro, perco-me por entre as páginas e as notas musicais até chegar ao meu destino. Reparo nas pessoas que se cruzam comigo na rua tentando imaginar o que irão fazer e o que estarão a pensar. Cada uma tão diferente da outra mas ao mesmo tempo tão iguais. Sozinhas de andar decidido e com o pensamento tão distante. Como eu.
3 comentários:
Essas pessoas, tal como tu, procuram no caminho vazio do dia a dia, o verdadeiro caminho para a sua existência...Que procuras tu?
Felizes são aqueles que se passeiam despreocupadamente pelos caminhos da sua vida... que não procuram, não escavam, não tentam desesperadamente encontrar sentido para algo que é desprovido de qualquer significado. Digo felizes porque, são esses que quando menos esperam encontram o que nunca procuraram.
Não andes por caminhos traçados, pois eles conduzem-te somente até onde os outros já foram!
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